Define a diferença: CBD sintético vs. natural

À medida que a nossa compreensão da canábis evolui a par dos avanços tecnológicos, vemos novas versões de CBD e outros canabinóides. Uma destas novas categorias de produtos é o CBD sintético. Os canabinóides sintéticos são criados através de vários processos por químicos, em vez de serem produzidos naturalmente na planta como o CBD tradicional. A discussão sobre o CBD sintético versus o natural está a ganhar força e é importante compreender os prós e os contras de cada um.

Neste artigo, vamos analisar as principais diferenças entre os dois, bem como os potenciais terapêuticos e os riscos que estes novos compostos apresentam.

A principal diferença entre o CBD sintético e o natural

Estes dois compostos não são assim tão diferentes na sua forma final, mas são muito diferentes no seu processamento. O CBD natural é obtido diretamente das flores da planta do cânhamo. Os canabinóides sintéticos são criados através de intervenção química em laboratório, utilizando frequentemente ingredientes como levedura, bactérias ou mesmo cascas de laranja. Embora ambas as formas sejam quimicamente idênticas, as suas origens distinguem-nas. O CBD também tem sido usado para produzir Delta-8 e outros isómeros de canabinóides para imitar os efeitos do THC. No entanto, estes compostos provaram ser perigosamente potentes e continuam a não estar regulamentados no mercado.

O CBD, ou canabidiol, é apenas um dos mais de 100 canabinóides diferentes que se encontram na canábis. Curiosamente, os canabinóides não são exclusivos das plantas de canábis – também ocorrem naturalmente no nosso corpo como endocanabinóides. Esta descoberta levou os cientistas a explorar a síntese de canabinóides em laboratório, de forma a refletir os que se encontram na natureza.

A síntese de canabinóides, incluindo o CBD, remonta a 1965, quando o THC, outro canabinóide bem conhecido, foi sintetizado pela primeira vez. Desde então, a indústria tem experimentado produzir canabinóides como o CBD sem ter de cultivar a planta do cânhamo. Uma das principais vantagens do CBD sintético é a sua pureza. O CBD pode ser isolado sem a presença de outros canabinóides ou compostos vegetais, o que o torna ideal para a criação de tratamentos médicos específicos e, claro, para cumprir as normas de conformidade.

Porque é que os canabinóides sintéticos foram criados?

Os canabinóides sintéticos foram inicialmente criados por duas razões principais: uso recreativo e uso médico. No mundo recreativo, os canabinóides sintéticos são notórios pelo seu papel na produção de substâncias legais, mas por vezes com um custo. Produtos como a Spice e a Black Mamba contornam a legislação sobre drogas alterando a estrutura química dos canabinóides para evitar a classificação como substâncias ilegais.

Estes produtos sintéticos não regulamentados provocaram frequentemente efeitos secundários graves. Os profissionais médicos relataram ter visto pacientes a sofrer de agitação extrema e problemas cardiovasculares, muito para além do que é normalmente observado com a canábis natural.

Em contrapartida, o CBD sintético foi desenvolvido com objectivos terapêuticos em mente. Tudo começou quando as ciências procuraram replicar os efeitos positivos do CBD natural sem as propriedades psicoactivas do THC. Ao contrário das drogas sintéticas recreativas, o CBD sintético de grau médico é produzido sob regulamentos e controlos de qualidade rigorosos, semelhantes ao THC sintético utilizado em medicamentos aprovados pela FDA, como o Nabilone, que tem sido utilizado para tratar náuseas e vómitos em doentes de quimioterapia desde 2006. Muitos destes canabinóides sintéticos foram bem sucedidos no tratamento da epilepsia e de muitas outras doenças que alteram a vida. Alguns, mesmo muito antes de o CBD estar disponível diretamente para os consumidores.

O isolado de CBD é sintético?

Uma ideia errada comum é que o isolado de CBD, uma forma altamente purificada de CBD, é sintético. No entanto, o CBD isolado pode provir tanto de fontes naturais como sintéticas. O que torna os isolados sintéticos de CBD únicos é que são quimicamente idênticos ao CBD de origem natural, mas são sintetizados em laboratório. No final, embora todo o CBD sintético seja considerado um isolado, nem todos os isolados são sintéticos.

O CBD sintético apresenta-se normalmente sob a forma de pó cristalino, que é depois combinado com um óleo de base para facilitar o consumo. Este é o mesmo processo utilizado para os isolados naturais de CBD, tornando os dois quase indistinguíveis a nível molecular.

Se tens curiosidade em saber se uma marca de CBD utiliza canabinóides naturais ou sintéticos, é importante ler as descrições dos produtos e confirmar se são derivados do cânhamo ou não.

Os riscos do consumo de canabinóides sintéticos

Embora os canabinóides sintéticos sejam concebidos para imitar os naturais, podem ter efeitos diferentes no corpo. Em particular, em grandes quantidades de CBD. Alguns canabinóides sintéticos, como o delta-9 THC, ligam-se aos mesmos receptores do THC no cérebro, mas com maior potência. Infelizmente, isto pode levar a efeitos secundários mais intensos e perigosos.

Um estudo de 2018 do National Institutes of Health alertou para o facto de os produtos canabinóides sintéticos estarem associados a efeitos adversos mais graves do que a canábis natural, incluindo problemas respiratórios, hipertensão, ansiedade e até episódios psicóticos. Em casos extremos, os canabinóides sintéticos têm sido associados a condições graves como insuficiência renal aguda, convulsões e problemas psiquiátricos a longo prazo.

Isto não significa que o CBD sintético seja inerentemente perigoso – pelo contrário, quando produzido corretamente e consumido de forma responsável, o CBD sintético pode ser tão seguro como o seu equivalente natural. No entanto, como os canabinóides sintéticos são relativamente novos e pouco estudados, especialmente em comparação com o CBD natural, ainda há muito a aprender sobre os seus efeitos a longo prazo e o seu potencial terapêutico.

O natural é sempre melhor?

Do ponto de vista do consumidor, o CBD natural é frequentemente visto como a “melhor” opção. Isto deve-se em grande parte à forma como é comercializado como uma alternativa mais saudável, à base de plantas. O CBD natural é normalmente extraído através de métodos seguros, como a extração de CO2 ou de hidrocarbonetos, e apresenta poucos riscos de contaminação. No entanto, se estes processos forem mal conduzidos, contaminantes como metais pesados ou solventes podem acabar no produto final.

O CBD sintético é geralmente mais barato de produzir do que o CBD natural, e é por isso que está a ganhar atenção no mundo farmacêutico. A relação custo-eficácia, combinada com a sua pureza e consistência, torna-o uma opção atraente para a investigação médica e o desenvolvimento de medicamentos.

No entanto, a preferência do público por remédios naturais significa que, mesmo que se prove que o CBD sintético é tão eficaz, muitos pacientes e consumidores poderão optar pela versão natural.

Por exemplo, um estudo alemão revelou que quase três quartos dos doentes com epilepsia preferiam o CBD natural às opções sintéticas. Muitos disseram que isso se devia à “falta de químicos” e à “melhor tolerância”. Isto demonstra que, mesmo com o avanço da ciência, a perceção dos doentes e dos consumidores desempenha um papel crucial no futuro da indústria do CBD. Outros factores, como o impacto ambiental, o apoio a pequenas empresas e explorações agrícolas e o acesso seguro aos testes, podem reformular as crenças comuns sobre o CBD sintético versus o natural, mas só o tempo (e alguns estudos de mercado adequados) o dirão!

A escolha é tua e, com o CBD, ambas as opções são boas

O debate entre o CBD sintético e o natural está longe de estar resolvido, com ambas as opções a oferecerem vantagens e desafios únicos. O CBD sintético é uma alternativa pura e económica para a investigação médica, mas subsistem dúvidas sobre a sua segurança e eficácia a longo prazo.

Entretanto, o CBD natural é preferido pelos consumidores devido à sua origem vegetal e ao seu potencial terapêutico. À medida que a investigação sobre ambas as formas de CBD continua, a chave será garantir a transparência, a regulamentação e a escolha informada do consumidor num mercado em constante evolução.